Waldez Ludwig

domingo, 3 de abril de 2011

ACIDENTE DA GOL

Folha de São Paulo
São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2011
ACIDENTE DA GOL

Depoimento de piloto tem bate-boca sobre tradução


DE BRASÍLIA - O depoimento do piloto Joe Lepore, comandante do Legacy que se chocou com o Boeing da Gol em 2006, foi marcado ontem por bate-boca entre o juiz Murilo Mendes e o advogado do americano.

A defesa alegou tradução incorreta da fala de Lepore sobre o funcionamento do sistema anticolisão do jato, que poderia ter evitado o acidente.

No depoimento dado ontem, por videoconferência, Lepore foi indagado sobre o sentido da frase "o TCAS [sistema anticolisão] está desligado", dita por ele após a colisão.

Segundo Lepore, a frase queria dizer apenas que nada no painel indicava anormalidade, e não que o sistema estivesse desligado. O outro piloto, Jan Paladino, deu anteontem a mesma explicação. Relatório da Aeronáutica concluiu que o sistema foi manuseado de forma errada pelos pilotos.

Em certo momento, o tradutor traduziu frase do piloto como o TCAS "não funcionando como deveria". A defesa alegou que ele não dissera que o sistema não operava. Lepore afirmou que "não era o intento dizer isso" e que seguiu as ordens do controle brasileiro.

ESTADO DE S.PAULO

31 de março de 2011 | 20h 07
Piloto do jato Legacy diz que aparelho estaria quebrado
VANNILDO MENDES - Agência Estado

Em depoimento de mais de três horas, prestado hoje em Nova York (EUA) por videoconferência, o piloto norte-americano Joseph Lepore negou que o transponder e o equipamento anticolisão do jato Legacy tenham sido desligados antes da colisão com o Boeing da Gol, que matou 154 pessoas em 2006. Ele supôs que os aparelhos estivessem com defeito e que podem ter voltado a funcionar em decorrência do impacto, quando seus sinais voltaram a ser emitidos.

No dia anterior, o comandante do voo, Jan Paladino, afirmara que nunca tinha pilotado um jato Legacy, mas garantiu que tinha experiência com aeronaves semelhantes. Os dois negaram responsabilidade sobre o acidente. Lepore afirmou que ele e o colega fizeram 20 tentativas de contato com a torre de controle aérea de Brasília na frequência indicada no plano de voo, mas não foram atendidos. As declarações apresentaram inconsistências e o Ministério Público decidiu manter a acusação de negligência operacional e atentado contra a segurança do tráfego aéreo.

O juiz Murilo Mendes, da comarca de Sinop, que abrange o local onde o avião caiu, no norte do Mato Grosso, abrirá agora prazo para as alegações finais da acusação e defesa e, a seguir, profere a sentença. Caso condenados, os pilotos podem pegar de dois a cinco anos de reclusão, mesma pena prevista para dois controladores de voo de Brasília, que estavam de serviço na hora do acidente. A sentença, segundo ele, pode sair até o final de abril.

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