Waldez Ludwig

sábado, 27 de outubro de 2007

William Waack

Atualizado em
printData();25/10/2007 -PrintHora();17:34

Com sanções, EUA reconhecem Irã como potência regionalDepois de uma errática performance na dança sobre como enfrentar o desafio iraniano, o governo americano impôs nesta quinta-feira (25) duras sanções ao regime dos aiatolás. São medidas inéditas, além de unilaterais, as mais severas desde que um grupo de "guardas revolucionários" invadiu a embaixada dos Estados Unidos em Teerã, em novembro de 1979, mantendo 44 diplomatas como reféns durante 440 dias.Pela primeira vez tenta-se articular medidas punitivas contra as forças armadas de um outro país - aparentemente os americanos querem demonstrar que aprenderam a lição das sanções aplicadas contra Saddam Hussein e sua clique, que prejudicaram sobretudo a população do Iraque, com poucas conseqüências para o grupo dominante, conforme se averiguou depois da invasão.
No caso do Irã, os americanos resolveram apertar a corda no sistema financeiro e econômico internacional.O alvo principal dos americanos é o sistema de organizações militares ou paramilitares sob a Guarda Revolucionária (da qual emana, por exemplo, o atual presidente Mahmoud Ahmadinejad), uma hierarquia paralela a das forças armadas tradicionais, tidas desde sempre pelos líderes religiosos como pouco confiáveis. Dentro do Irã, a Guarda Revolucionária já foi acusada várias vezes de perseguir uma agenda política própria, subordinada a dos clérigos mais conservadores.Os americanos atribuem à Guarda Revolucionária a conduta política, senão até prática e científica, do programa nuclear iraniano, que Teerã insiste em manter apesar da considerável oposição internacional a seus projetos de enriquecimento de urânio (oposição que inclui dois de seus principais parceiros, a China e a Rússia). Acusam algumas sub-organizações da Guarda Revolucionária de financiar e armar diversos grupos do Oriente Médio (especialmente o Hezbollah no Líbano e o Hamas na Palestina) e, no caso do Iraque, de participar diretamente de ações armadas contra soldados americanos.Com as novas sanções anunciadas, qualquer empresa ou banco que entrar em negociações com três dos principais bancos estatais iranianos - que Washington identifica como braços financeiros da Guarda Revolucionária - ficará de fora dos Estados Unidos. O próprio Secretário do Tesouro disse que "instituições sérias" não vão correr o risco de se verem associadas de alguma maneira ao regime dos aiatolás. Os principais bancos europeus já haviam se retirado de negócios com os iranianos antes mesmo das novas sanções.Embora a secretária de Estado Condoleezza Rice tivesse declarado que as "negociações diplomáticas" continuam sendo a principal opção, não está claro como os americanos querem continuar agindo em relação ao Irã. Eles parecem excepcionalmente frustrados, até exasperados, com o fato dos iranianos terem sido capazes de protelar qualquer negociação conclusiva com os europeus (a ponto de a França passar literalmente para o lado americano) e, principalmente, com a própria incapacidade de articular, no Conselho de Segurança da ONU, uma conduta comum com Rússia e China.Há sinais perigosos partindo do vice-presidente americano, Dick Cheney, para quem o Irã deveria ser bombardeado antes cedo do que tarde, ou até mesmo precedendo negociações diplomáticas (o Pentágono reconhece que não há condições de invadir e ocupar o Irã). As sanções sugerem que Washington perdeu completamente a paciência depois de um período, iniciado há quase um ano, no qual houve conversas de nível intermediário entre americanos e iranianos sobre como estabilizar a situação no Sul do Iraque.E parece ter se convencido de que a luta interna no regime iraniano está favorecendo os mais radicais - exemplo disso é a demissão, na semana passada, de Ali Larijani, até então o negociador chefe dos iranianos para questões de segurança e nucleares. Larijani firmou entre os diplomatas ocidentais a reputação de negociador hábil e bastante racional. Sua saída sugere, segundo o noticiário internacional, que o Irã está levando mesmo a sério as palavras bombásticas pronunciadas por Ahmadinejad nos trabalhos da atual Assembléia Geral da ONU: não há nada mais a negociar, declarou.Se sanções, mesmo as mais modernas e seletivas, levarão os iranianos à mesa de negociações, parece completamente fora de questão. É um regime que cresceu e se fortaleceu sob sanções e isolamento, e que se beneficia fortemente hoje da necessidade que a China tem de energia e a vontade que a Rússia tem de recuperar espaços de influência - enfrentando os americanos, se necessário.Talvez a única acomodação possível seja o reconhecimento explícito, por parte da Casa Branca, de que o Irã firmou-se como a principal potência no Oriente Médio, além de Israel, e que não há solução para qualquer dos problemas ali sem envolvimento direto dos iranianos. Tal como estão as coisas na política doméstica americana, esse reconhecimento explícito talvez só venha com o próximo presidente, seja ele (ou ela) democrata ou republicano.Até lá, alguém precisa segurar Dick Cheney.

Varig

Vale a pena conferir...
http://www.varigemaisquevoar.com.br/index.php?campanha=nvrg_gcom_eco