Waldez Ludwig

sábado, 4 de setembro de 2010

A VENDA DA TAM


Do Blog do Luís Nassif
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Vamos a algumas conclusões sobre essa suposta associação da TAM com a LAN, companhia aérea chilena.
Em termos efetivos, não foi associação. Foi uma venda disfarçada, para poder contornar a legislação brasileira, que proíbe mais de 20% de capital externo em companhia aérea.
A montagem consistiu no seguinte: monta-se uma nova empresa, a Latam Airlines. Nela haverá um bloco de controle, constituído por 24,07% do capital com a família Cueto (da Lan) e 13,52% com a família Amaro (da TAM). Essa companhia terá 20% da TAM. A família Rolim continuará com 80% do controle até ser efetivada a fusão e a operação ser aprovada pelas autoridades aeronáuticas.
Em circunstâncias normais, jamais seria aprovada. Mas o Brasil é Brasil.
Não foi por outro motivo que, já há alguns meses, a TAM eliminou o slogan “orgulho de ser brasileira”.
Acertada a fusão, as ações da TAM serão trocadas por BDR (Brazilian Depositary Receipts), títulos que representam ações de empresas em bolsas estrangeiras) da LAN, negociadas na Bolsa de Nova York e de Santiago, na proporção de 90% do valor. Pelos cálculos do mercado, na sexta-feira, cada ação da TAM poderá chegar a R$ 43,50 – 90% do valor da LAN, de 13.900 pesos chilenos, equivalentes a R$ 48,33. Antes da operação, o mercado considerava R$ 40,00 o preço justo para uma ação da TAM, conforme informou a analista Rosangela Ribeiro, da SLW Corretora, a Tatiane Correa, da Dinheiro Vivo.
Em seguida, a TAM fecha capital e suas ações desaparecem.
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Não se deixe iludir por manchetes, alerta o consultor Igor Cornelsen: a TAM foi vendida! Além do desaparecimento das ações da TAM, o executivo chefe será chileno.
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Foi uma operação visando burlar a legislação brasileira. Mas foi boa para os acionistas.
A TAM não estava em situação financeira grave. Continuava honrando seus compromissos. Mas a distribuição de dividendos não tinha perspectiva de curto e médio prazo. E a família não estava à altura do patriarca comandante Rolim Amaro.
Agora, além da entrada de uma empresa mais valorizada, os acionistas ganharão com a hipervalorização do real, já que o valor das ações foi calculada em dólar.
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Do ponto de vista operacional, segundo Rosângela, os dados de mercado mostram a TAM líder do mercado brasileiro, com 43% de participação e a LAN com 75% do mercado chileno. Em relação aos voos internacionais, a TAM tem 82,7% do mercado brasileiro contra 50% da LAN no mercado chileno.
A TAM tem 143 aeronaves e 25 mil funcionários; a LAN 86 aeronaves e 16 mil funcionários. A TAM só atua no mercado de passageiros; já a LAN tem 11 aeronaves para transporte de carga.
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Para o Brasil é um péssimo negócio, como foi a fusão entre a Brahma e a Antarctica na AMBEV, que depois foi desnacionalizada, e seus acionistas brasileiros foram viver no exterior.
No caso da viação aérea, a situação é mais complexa. Cervejas não são empresas estratégicas, aviação comercial sim. Além disso a aviação comercial funciona sob regime de concessão. São importantes como geradoras de divisas, como elementos de integração nacional e, em caso de conflito, como elementos de apoio na defesa nacional.

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